terça-feira, 13 de outubro de 2009

a saudade.
"...Não sei se saudade tem cor. Dizem que sim. O que eu sei é que ela tem forma. Tem gosto. Tem cheiro. E peso

também. E, acredite, ela tem asas! Se não, como nos transportaria tantas vezes a lugares tão distantes? E sei

ainda que ela se agiganta quando mais tentamos diminuí-la. Sei que ela dói de dor intensa e sem remédio. Se

não fosse ela, não sei se teríamos consciência do tamanho da importância das pessoas pra gente. Porque quando

amamos alguém, a saudade já chega por antecipação, sorrateira, disfarçada de algo que não conseguimos

decifrar. É aquela dor fininha de não sei o quê, a angústia boba que nos invade só de imaginar a separação. E

a gente fica meio sem saber o que fazer. Mas é assim... É uma dor que gostamos de sentir, um sabor que

queremos provar, é algo que não sabemos explicar, mas é quase palpável. É amor disfarçado de muita coisa. São

emoções guardadas bem lá no fundo. Saudade… do que foi e do que vai ser. Saudade que nos acompanha pra

diminuir a solidão e que nos mostra, sobretudo, que estamos vivos. Aprendi ainda que saudade não mata. É só

quase. A gente pensa que vai morrer, mas sobrevive sempre, porque ela traz escondidinha nela uma outra coisa

que chamamos de esperança, que nos ajuda a caminhar, porque saudade, como o amor, não é cega, saudade vê mais

além. E, muitas vezes, ela tem nome. A minha, tem vários..."

Letícia Thompson

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